sexta-feira, 14 de junho de 2013

Discurso

Meu amigo sempre gentil Francisco La Saigne D'Adoim Ingles, nosso Chico Ingles, ex presidente da ABCCC, também chamado de "o presidente da marcha", pediu-me que publicasse meu discurso de posse na Academia, pois pelo menos ele gostou muito. Como ler discurso é muito chato, ainda mais dos outros, pelo menos a parte final que falo do meu próprio obituário (está em negrito) ficou pitoresca, como diria meu saudoso pai.

"É com muita lisonja que tomo posse na Academia Brasileira do Cavalo Campolina. Academia não é sinônimo de senilidade ou apenas de experiência, mas, sobretudo significa conhecimento, logo, ensinamento.
Devemos sempre na vida, ter o discernimento exato do que é ser arrogante e ser arrojado. Na academia, seremos arrogantes se ficarmos vivendo do aplauso do passado, olhando apenas pelo retrovisor. Mas, poderemos ser arrojados, com a experiência da caminhada que todos nós já fizemos, a fim de ajudar a mostrar o caminho do futuro.
Nestes mais de 130 anos de raça campolina, vivi e vivo todos os meus 48 anos de idade  de forma sempre intensa nos meandros da raça campolina. Aos 4 anos, no longínquo 1969, fui a minha primeira exposição nacional, em Curitiba. Hoje, causa-me profundo orgulho ao constatar de forma indubitável que criamos a melhor raça de cavalos do Brasil. A evolução conquistada neste século XXI, seja na morfologia, na marcha e na funcionalidade nos eleva a termos um cavalo com enorme beleza zootécnica, com marcha cômoda e moderna, e com funcionalidade apropriada para o que desejamos.
E são os criadores da raça, protagonistas deste sucesso, que podem preservar o que foi conquistado e buscar o que ainda pode ser melhorado. E seus coadjuvantes deverão ser as instituições; ABCCC e esta Academia; e ainda os árbitros, técnicos, consultores, mas a frente de tudo, os criadores, até porque são eles os donos de todos os custos.
Mas neste século, se muito evoluímos, não houve evolução sem sacrifícios. Temos na morfologia nos dias atuais um cavalo moderno, proporcional, bem aprumado e ligado, sem ser pesado e com porte próximo ao padrão. Porem, é possível que tenha ocorrido uma perda de parte da beleza racial, mas que neste momento entendo como aceitável, e que possamos num futuro próximo reconquista-la, sem prejuízo a evolução conquistada.
No tocante a marcha do nosso cavalo, até mesmo criadores de outras raças, aplaudem aos shows que se transformaram nossos concursos de marcha, numa evolução recente jamais vista na raça. Porem, que continue a evolução. Que a marcha picada possa melhorar este que é o mais cômodo andamento do nosso cavalo, com melhor equilíbrio da mesma, sem que perca a essência deste verdadeiro patrimônio nacional. Já a marcha batida, responsável por momentos mágicos nas atuais exposições, que os criadores fiquem sempre  atento na dissociação da mesma, com enorme zelo pelos cruzamentos feitos a fim que jamais nos aproximemos da marcha diagonal.   E que nosso cavalo não seja apenas do peão, mas também do patrão, da esposa do patrão e dos filhos do patrão, ou seja, cômodo sempre, independente de quem monta.
E no que cerne a funcionalidade, aqui temos o futuro da raça. Somente seremos eternos se tivermos sucessores. E estes serão os jovens de hoje! Campolinistas, não teremos futuro se mostramos ao um jovem apenas uma cabeça e orelha de um cavalo, mas sim,  o futuro nos espera se a um jovem entregarmos uma rédea , um estribo e uma sela. Aqui está o nosso futuro, e tenho certeza que esta Academia será coadjuvante a mostrar este caminho, pois como escreveu o poeta Mario Quintana “são os passos que fazem a caminhada”.
Família campolinista, como associado há 30 anos, já ocupei cargos na ABCCC, seja na Diretoria, CDT, Ceterc, Conselho Consultivo, fui membro do quadro de árbitros tendo julgado mais de 100 exposições entre elas varias neste Parque da Gameleira, mas muito da minha presença nesta Academia é devido a alguém, que hoje se encontra na eternidade, mas tenho certeza, que lá de cima, está orgulhoso por este momento, meu saudoso e querido pai Jose Eugenio Dutra Câmara, a quem dedico esta honra de ser um acadêmico, justamente o tendo como patrono da vaga que ocupo.  A ele tudo devo, a ele minha saudade e amor eternos.
Meus amigos, quando fui comunicado da posse, pediram-me para anunciar-me com um breve currículo. Porem preferi fazer diferente, até porque, próximo dos 50 anos de idade, uma coisa é certa: Já estou na ultima metade da vida. E ainda, com dois stents nas coronárias e tomando posse numa Academia, veio à minha mente um estranho pensamento:  como eu gostaria de ler o meu próprio obituário. Não desejo ter um tão cedo. Mas todos nós um dia teremos um obituário. E se pudesse ler o meu, gostaria que assim o fosse:
“Jose Eugenio Dutra Câmara Filho, ou apenas Dudu, natural de Barbacena, cidade que é a eterna moradia dos principais sentimentos das Minas Gerais. Casado com Márlova de Ávila Dutra Câmara, presença constante dos seus melhores pensamentos. Pai de Valentina, Lorenza e Stéfano, razão principal de sua vida. Médico que exerceu com dignidade sua profissão, se não curando a todos, mas aliviando a muitos, mas com certeza  acolhendo a todos os seus semelhantes. E que por toda sua vida teve uma grande paixão: pela melhor e mais bela raça de cavalos entre todas, a raça CAMPOLINA”.
Amigos, se por motivos contra a minha vontade, nos últimos tempos, nem sempre estive presente, saibam que jamais, jamais mesmo, nos perderemos!
Obrigado Campolina!  "    

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Posse na Academia Brasileira do Cavalo Campolina

Com muita honra tomei posse na Academia Brasileira do Cavalo Campolina, entidade criada em 2010 que contempla 20 pessoas que tenham contribuido para a o engradecimento da raça campolina. Cada cadeira detem um patrono, assim como um famoso cavalo da Raça Campolina, ja falecido. Fui eleito em 2012, e tomei posse dia 08/06/2013 em solenidade no Expominas, em BH, evento presidido pelo presidente da Academia Emir Cadar e demais academicos. Minha lisonja aumenta, pois terei como patrono da minha vaga, meu saudoso e querido pai Jose Eugenio Dutra Câmara.